Eu vou tentar ler todos os livros que puder, vou inventar desafios e metas, listas e mais regras e tudo isso me motivará a fazer o que já iria fazer mesmo, de qualquer jeito. Vou baixar aplicativos, organizar minha vida, deletar aplicativos por que não gostei das cores, deixar tudo uma bagunça, desistir de tudo menos das listas. Vou fazer listas em caderninhos que já tenho em mãos. Vou achar os caderninhos feios e vou comprar outros, para fazer as listas. Depois, vou pegar os caderninhos novos, tão bonitos, e ficar com dó de usá-los. Pararei de fazer listas. Baixarei outros aplicativos. Agora vai. Novas listas.
Imagina que incrível seria se eu conseguisse mesmo organizar a minha vida, ver alguma ordem ou sentido nessa confusão. Alguma certeza que durasse até depois da hora do almoço, alguma coragem que durasse mais do que o clique em uma nova aba no navegador. Vou dizer "é lógico que consigo!" ao mesmo tempo em que rio por dentro dizendo "ah, eu nunca vou conseguir", mas no final vou tentar do mesmo jeito, já que não tentar não é uma opção e eu não estou mais podendo (não) escolher.
Vou pegar o ônibus das 19h20 e ficar brava por ele ter demorado, mesmo ele tendo passado no mesmo horário de sempre. Vou ficar brava com a moça que se enfiou na minha frente, embarcou antes de mim, pegou o último lugar e agora vou ter que ir lendo em pé.
Vou lendo em pé mesmo por que preciso terminar esse livro, preciso baixar aplicativos, criar mais listas, tomar mais decisões, ter coragem e continuar sorrindo. É só o que eu sei fazer, então eu tenho que fazer bem.
Vou fazendo tudo da melhor forma possível, o que já é muito diante desse caos.
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| Foto: Julie Fernanda |
